sexta-feira, 5 de junho de 2015

O MEDO COMO META DE AGIR E PRESERVAR

Edemilton dos Santos*

No dia em que se volta o olhar para uma reflexão mais profunda a cerca da ecologia, faz-se necessário retomar os escritos do filósofo Hans Jonas na obra O Princípio Responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica.

Diz ele:


Um imperativo adequado ao novo tipo de agir humano e voltado para o novo tipo de sujeito atuante deveria ser mais ou menos assim: “Aja de modo que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma autêntica vida humana sobre a Terra”; ou, expresso negativamente: “Aja de modo a que os efeitos da tua ação não sejam destrutivos para a possibilidade futura de uma tal vida”; ou, simplesmente: “Não ponha em perigo as condições necessárias para a conservação indefinida da humanidade sobre a Terra”; ou, em uso novamente positivo: “Inclua na tua escolha presente a futura integridade do homem como um dos objetos do teu querer”. (JONAS, 2006, p. 47-48)


A preocupação de Hans Jonas versa sobre duas realidades humanas presentes e inerentes à vida: o presente e o futuro. Cuidar, de maneira holística, a vida é garantir um futuro de qualidade. Nosso tempo existencial tem um início, um meio e um fim. Contudo, com o fim da existência de um ser, ou de uma época, a vida não deixa de existir, ela continua seu curso normal. Nesta dinâmica de renovação vital novos seres vão surgindo e tomando seu tempo e espaço para desenvolver a vida. A vida aqui entende-se vida humana e vida da natureza. Uma não está isolada da outra. As duas estão inseridas uma na outra a tal ponto de dependerem mutuamente. Em ambas novos membros brotam querendo espaço digno de sobrevivência e desenvolvimento.  

Nesta perspectiva entram duas outras dimensões: o cuidado e a responsabilidade. Cuidado para que a vida se desenvolva com qualidade e responsabilidade para que o necessário seja feito pela preservação da vida. O ser humano necessita da natureza para desenvolver o seu ser. É nela seu habitat. A natureza necessita do ser humano para que a cuide. No entanto, o que se vê é um abuso contra a natureza por parte do ser inteligente. Por isso a preocupação de Jonas ao desenvolver imperativos que condizem com a atual conjuntura impelindo o ser humano a uma reflexão de atitudes que ajudem a cuidar e preservar a vida presente e futura. As ações de hoje dirão a realidade do amanhã.

Em sintonia com a necessidade do cuidado e da preservação, em outra passagem Hans Jonas chama a atenção para a necessidade de uma heurística do medo. Não se trata de um medo que afasta, mas de um medo que previne. Assim diz: “somente então, com a desfiguração do homem, chegamos ao conceito de homem a ser preservado” (JONAS, 2006, p. 21).

Diante desta frase vê-se a grande necessidade de olhar o futuro e traçar metas para que ele tenha qualidade de desenvolvimento. Sim, traçar metas de preservação. Atitudes que não são da natureza, mas dos humanos. Portanto, é hora de por as mãos à obra e a mente para pensar. Se queremos vida sobre a terra futuramente, precisamos começar a cuidar hoje.

E, para finalizar, neste Dia da Ecologia, vale refletir e pensar: como está o cuidado e a preservação da vida humana e da natureza?



* Graduado em Filosofia pela Faculdade Pe. João Bagozzi de Curitiba – PR.