segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O ÓDIO NAS VEIAS DA SOCIEDADE BRASILEIRA.

Edemilton dos Santos[1]

Apressa-te em andar com a tua conjuntura política que eu já estou a caminho apressado com meu ódio.  Talvez essa frase traduza a atual situação que se vive, politicamente falando, na sociedade brasileira. E tudo começou, de forma mais clara e concisa, nas eleições presidências de 2014, precisamente no segundo turno, quando a presidenta Dilma foi reeleita.

A reeleição foi dada em uma emenda constitucional de 04 de junho de 1997 quando Fernando Henrique Cardoso era presidente da República, sendo ele o primeiro presidente a ser reeleito pelo voto direto[2]. Na sequência, o presidente Luís Inácio Lula da Silva também foi reeleito seguindo os mesmos parâmetros constitucionais. E, por fim, chegou a fez a presidenta Dilma Rousseff. E aqui começa uma história marcando um caminho de ódio apressado com a participação da mídia que espalhou rapidamente entre a população esse mal.

Segundo a Constituição Federal nos Artigos 51 e 52 que apresentam os critérios de ação que competem ao que deve ser feito pela Câmara dos Deputados e o Senado Federal, respectivamente, em relação ao julgamento de autoridades, como presidente da República e outros cargos federais, o impeachment é um processo legal[3]. No entanto, o impeachment da presidenta Dilma, não foi um processo legislatório legal, por ter sido marcado mais pela emoção do que pela razão. E o cerne da emoção tem um nome: ódio ao Partido dos Trabalhadores epecificamente.

É exatamente isso que você leu. Não é uma onda de ódio a um membro do partido, no caso em questão Lula, Dilma, ou outros, mas a todo o partido e, inclusive, aos que são filiados e seguidores do partido. Quer ver um exemplo: uma noite, ao sair de uma das escolas que eu trabalhava em 2016 passei por uma lanchonete para comprar um sorvete. Naquele momento estava passando uma reportagem dos manifestos a favor da presidenta Dilma. Um dos atendentes da referida lanchonete assim se expressou: “como pode ter gente tão tapada e cega em apoiar um partido nojento desses?”.

Outro exemplo: o PT tem como sua marca a cor vermelha. Se uma pessoa sair à rua com roupa vermelha, é taxada de petista, e pode até ser alvo de xingamentos. Uma pergunta: quem surgiu primeiro, o PT ou a cor vermelha? Vídeos, sem fundamento concreto e histórico são lançados quase que diariamente expressando esse ódio que corre nas veias da sociedade brasileira.

A minha preocupação com todo esse ódio é de que as autoridades da segurança pública poderão perder o controle da situação, a começar pelo dia 24 de janeiro, quando o ex-presidente Lula será julgado em Porto Alegre. O tamanho ódio que circula pode causar uma ferida muito grande na Democracia brasileira. Esse erro, tanto por parte dos julgadores quanto por parte dos apoiadores do julgamento da condenação, pode investir contra os militantes que se farão presentes causando um conflito sem igual. Todos têm o direito de se manifestar a favor ou contra, mas ninguém tem o direito de tirar a vida do outro e levantar acusações sem provas suficientes, levado por ódio parcial criado e divulgado de forma quase irreversível por uma mídia também parcial. O que eu espero é que a justiça seja feita, no mais nobre e exultante do seu conceito, além de que todos possam se manifestar de uma forma pacífica e tranquila.

Pois bem, amigos e amigas, assim começa o ano eleitoral no Brasil. Apenas um recado: não importa quem você vai apoiar nessas eleições de 2018. O que importa é que você não seja reprodutor desse ódio que está caminhando a passos largos entre nós. Sinto em dizer: se assim continuarmos, teremos muitas mortes. Em nome de quem? Em nome de um ódio criado, transmitido, aceito e divulgado sem se levar em conta o estrago que isso pode fazer no povo brasileiro. Ódio não leva a nada. Precisamos tirar o povo da opressão e devolver a democracia para que a desigualdade social seja diminuída. Seja cidadão e cidadã brasileiro/a e não do ódio!



[1] Professor, Licenciado em Filosofia, bacharel em Teologia, pós-graduado em Docência no Ensino Superior e graduando em Sociologia.
[2] Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc16.htm,> acesso em 21 jan de 2017.
[3] Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm,> acesso em 21 jan de 2017.