Edemilton dos Santos[1]
Quando somos perguntados para olhar os pontos positivos ou
negativos de alguma realidade o que ressaltamos primeiro, com mais ênfase, o
negativo ou o positivo? Quase sempre é o negativo. E porque acontece isso? Por
que nossa vida é carregada de enxurradas de informações negativas a todo
instante. Basta abrir o jornal que recebemos em casa que as manchetes quase
sempre são as mesmas. Sim, isso mesmo, as mesmas. O diferencial é que mudam as
palavras. E como nós não nos preocupamos em gravar a informação isso passa
despercebido. Assim acontece com os outros meios de comunicação falado ou
escrito. A preocupação é a tragédia. Se fosse possível torcer algumas emissoras
de TV sairia sangue metaforicamente falando.
A linguagem escrita ou falada é direcionada ao seu público
ouvinte ou leitor. Cada apresentador da informação tem em seu texto o contexto
que atingirá com a mesma. Como, na maioria das vezes, o apresentador já sabe
que o público não irá checar o conteúdo da informação, a faz chegar até o seu
destino final como ele quer e muitas vezes tendenciosa.
A principal tarefa da informação noticiosa é formar opinião.
Se ela não conseguir fazer isso, não atingiu o seu objetivo. Diante de uma
constante de informação sobre assaltos, mortes, roubos, corrupção o foco é
formar uma opinião de que o Brasil é um país violento e corrupto. A violência
existe sim. A corrupção também. Mas, gravamos tanto a informação negativa que,
se moramos numa cidade tranquila, somos capazes de ver o negativo nacional e
não a tranquilidade e a bondade que nos cercam todos os dias. Somos capazes de
viver mais em Brasília do que na nossa própria cidade sem sair da nossa casa.
Bem, diante de tudo isso, onde fica o positivo? O positivo
fica quase esquecido na vinculação da informação, mas presente na pessoa que estende
a mão para ajudar a outra. No jovem que ajuda uma senhora atravessar a rua. Na
vizinha que empresta o sal para outra. Na roda de chimarrão, tererê ou café.
Nos amigos que se encontrar no final de semana para partilhar momentos comuns.
Nas ONGs que fazem um trabalho maravilhoso com pessoas necessitadas da
sociedade. No Obrigado que o cliente diz ao vendedor depois de pagar a sua
conta. No pedir licença. No por favor. No não jogar lixo na rua, enfim em
tantas coisas que são insignificantes para a grande mídia.
Sendo assim podemos concluir que o negativo é mais visível
que o positivo porque dar um tiro em alguém é mais nobre que estender a mão
para ajudar. Dar um soco na cara é mais qualificado que dialogar. Dizer que a
pessoa não presta ou não tem moral é mais engrandecedor que ver o que ela tem
de bom. Onde queremos chegar? No lugar no negativo ou do positivo? A decisão é
de cada um. Pensemos!
[1] Professor e Pesquisador,
Licenciado em Filosofia e pós-graduando em Docência no Ensino Superior.
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